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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Qualquer Amor.



Ela era pequena, frágil e inocente. Era uma graciosa fada, vivia no mundo da magia junto com princesas, príncipes, bruxas e dragões. Mas apesar de todo o brilho deste seu mundo, a pequena fada não era feliz. Estava cansada de transformar abóboras em carruagem, criar sapatinhos de cristal, encantar dragões e salvar pobres princesas de suas respectivas madrastas.
Faltava algo na vida dela e ela não entendia o que. Então em uma noite qualquer, sim qualquer mesmo porque não tinha nada de especial naquela noite, a o céu estava um pouco nublado, a lua não estava tão prateada, e as estrelas com o mesmo brilho, nem mais nem menos do que normalmente. A fadinha naquela noite usou sua magia para fazer algo arriscado: se tornar humana.
E ela então veio parar no nosso mundo sem magia e sem varinhas de condão. Mundo insano, como alguns chamam se preferir. Ela demorou pra se acostumar, mas estava adorando as novidades.Virou jornalista, tinha um apartamento em um prédio com uma esquisita arquitetura, e vivia sua vidinha normal e rotineira. E ainda sim ela sentia que faltava algo, e isso a incomodava um pouco.

Então em uma manhã qualquer, qualquer mesmo porque não tinha nada de especial, um sol de início de primavera se mostrava tímido, mal dava pra ouvir a cantoria dos pássaros, as pessoas estavam todas indo para o trabalho, a grama perto do asfalto crescia lentamente. Nessa manhã ela o viu. Bem ali na esquina. Um rapaz alto, cabelos cacheados, pele branca e olhos que penetravam dentro de sua alma. O rapaz parecia ser um tipo de mágico porque fazia malabarismos para ganhar dinheiro em frente aos carros. Ela olhava admirada pensando que magia que ele usava pra equilibrar todas aquelas bolinhas.

Ele a viu. Sorriu e ela sorriu de volta. Uma luz vermelha acariciava-lhe o rosto com ternura e ela não entendia o que estava sentindo. E todo dia a ex-fada ia até aquela esquininha pra sorrir pro rapaz e receber um sorriso de volta. Nem trabalhava mais, a única coisa que ela queria ela sentir aquela luz lhe preenchendo, lhe dando vida, lhe dando o que ela sempre procurou.

Então em uma tarde qualquer, qualquer mesmo porque o sol estava meio escondido por nuvens que ameaçavam chuva, a poluição incomodava, as pessoas iam e viam apressadas. Nessa tarde ela viu seu lindo malabarista não sorrir de volta para ela. Ele sorriu para outra moça, e ele beijou e acariciou os cabelos dela, e partiu pra outra avenida em sua companhia. A pequenina ex-fada sentiu-se desabar, chorou, chorou, havia descoberto o amor e agora descobriu outro sentimento, a dor. Tão diferentes um do outro, a dor machuca, queima, estraga, mata.
Mata. A pequena não agüentou tanto sofrimento e pulou do vigésimo andar do seu prédio. Pulou sem se preocupar se notariam sua morte, se ela estivesse no mundo das fadas sim, todos saberiam que ela morreu, porque fadas exalam uma forte luz branca por todos os lados quando morrem. Mas não ali no mundo obscuro e insano que ela fez a escolha de morar tempos atrás. E ela se foi. Partiu pro infinito. Mas seu corpo permaneceu ali na calçada sem ninguém notar. Afinal quem se importa com a morte de uma estranha qualquer?

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